quinta-feira, janeiro 31, 2008

Que Fututo?

Aconselho a todos os interessados a ler este livro que tem deliciado o meu tempo livre



Que Futuro?
Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento e Ambiente
Autor: Filipe Duarte Santos
Editora: Gradiva

Curso: Cuidar e Entender o Jardim e a Horta

Sábado, 26 de Janeiro das 10:00 às 17:00

Orientação: Eng. Agrónomo José Pedro Fernandes (Orientador dos cursos da Fundação de Serralves)

Poda de Árvores de Fruto

Aquisição de conhecimentos teóricos e práticos para a execução de poda de árvores de fruto e arbustos de fruto.

Noções gerais acerca do crescimento e desenvolvimento de árvores e arbustos de fruto, podas de formação, manutenção e adaptação; métodos de corte; exemplificação prática.



Quinta do Senhor do Bonfim
Av. João Pinto Bessa, nº 154
Vila de Cucujães (4Km de S. João da Madeira, 35 Km do Porto)
962749827
966383300

terça-feira, janeiro 29, 2008

Da Terra ao Solo

INTRODUÇÃO
A Terra, esfera, biosfera, pedra, magma, mineral, suporte. Terra planeta, terra matéria, ambos distintos; ambos um. É neste planeta “Terra” que encontramos a terra que suporta toda a vida, que nos nutre com matéria inerte, mas dinâmica, fria, mas plástica e é nesta dualidade de características que encontro dificuldade em afirmar que a terra, (solo), é matéria morta. Seria o mesmo que afirmar que o osso é morto, por apenas ser suporte de toda a massa muscular!

A nossa visão demasiado condicionada pelo horizonte Terreno, impede-nos de ter uma visão mais biocêntrica do mundo e no centro encontramos a “Terra” ou como parte da “Terra”, a terra.

“A emergência do pensamento racional na Grécia, cuja fulgurância e fecundidade revestiu para a posteridade a feição de um «milagre», coincidiu com a dessacralização da Natureza que, separada do seu pano de fundo mítico, se tornou objecto de discussão e análise racional. A evolução lenta e gradual desta consciência reflexiva correspondeu, paralelamente, a uma progressiva distanciação da Natureza, num processo de clara separação daquilo que o mito mantinha unido, ou seja, o homem e o mundo natural” (1)

AFASTAMENTO DA TERRA
Fomo-nos afastando da “Terra” por convencimento da nossa superioridade intelectual. Iniciamos então uma caminhada desde os tempos em que o homem descobriu o fogo, caminhada essa que se tornou corrida com a descoberta da agricultura há cerca de 12 mil anos e mais tarde, já no Séc. XIX, em cavalgada fulminante com a máquina a vapor. Em cada uma destas etapas a “Terra” foi perdendo estatuto na hierarquia do Mundo Natural e a terra matéria, como simples órgão da Biosfera torna-se invisível ao olho do homem, entretanto cego.

Ferimos, rasgamos, revolvemos, cortamos, partimos, trituramos, esmagamos…adjectivos sob os quais se constrói a sociedade moderna. Da pedra ao cimento, do minério ao metal, matéria preciosa que grandiosamente extraímos do equilibro a que pertencem. Deslocamos matéria sem nos apercebemos que é a nós que próprios que a retiramos e que constantemente nos amputamos. A nossa casa, sem tecto, sem chão, sem paredes, só janelas de espelhos reflectindo o próprio homem.

CONSTRUÇÃO EM TERRA
A terra como material de construção foi e é ainda hoje utilizado tanto pelo homem como por toda a natureza. Não será necessário fazer um enorme esforço mental para perceber que a terra é o cimento em que todas as plantas se alicerçam, onde bichos se escondem, outros constroem de facto as suas casas, como é o caso das térmitas e o caso do homem.
Com a descoberta da agricultura o homem inicia o seu processo de fixação e vai desenvolvendo e aperfeiçoando as suas técnicas de construção, que anteriormente não necessitava dada a sua condição de nómada. A terra terá sido certamente um dos primeiros materiais a serem utilizados, recobrindo armações vegetais de lama alisada à mão, mais tarde o adobe ou tijolo de terra seco ao sol.
Curioso é, que a fixação do homem que lhe permite dedicar-se ao cultivo da terra coincide igualmente o aparecimento do antropocentrismo que leva o Homem observar e moldar o meio de acordo com as suas necessidades. Contudo a terra é forte e ela persiste e resiste tendo como aliado o mais profundo subconsciente humano onde se encontra a mais pura identidade do homem.

“…ao tocar a rugosidade e o calor da cal, ao penetrar na sombra acolhedora das casas dos camponeses, ao sentir o cheiro doce da esteva, encontramos inevitavelmente o Mediterrâneo, onde as terras forma longamente humanizadas, onde são ainda poderosas e dignas as forças de um encadeado de gestos, onde os saberes não perderam as memórias do primeiro arado e do primeiro tecto de ramagem.” (2)

Ao nos reconciliarmos com a “Terra”, estaremos não só a preservar a casa que nos acolhe, como a dar sentido ao edificado humano, certamente a forma como utilizamos a matéria e a reconhecemos como sendo parte de nós ou apenas para nós, faz em si uma enorme diferença.

O SOLO
Quem é a Terra e de que é feita?
Não me aventuro a entrar profundamente na busca de uma resposta minimal e generalista para a questão que coloco, tão pouco o tentarei fazer sobre a sua mais superficial camada, o solo, mas por ai passarei brevemente.

“Para muitos fins é conveniente considerar o solo com uma mistura de materiais sólidos, líquidos e gasosos e tratá-lo como um sistema anisotrópico em que se distinguem fases sólida, líquida e gasosa.”

Podemos iniciar a descoberta do solo de dois pontos distintos. O da sua origem e/ou do seu estado actual. Partirei do segundo ponto pois é esse que considero ser de mais fácil visualização para o leitor.
O solo é para muitos o equivalente a terra, mas essa seria uma visão redutora do mesmo. O Solo é como uma espécie de órgão principal de todo um ecossistema que parece existir apenas com uma função. Sustentar a Vida.
A Vida, “nasce e morre”, é gerada sobre as mais variadas formas, animal, vegetal, etc…todos vivem aqui, neste planeta, num sistema, num grande ecossistema, na biosfera. Em toda a forma de vida, dois pontos comuns, o nascimento e a morte.
Pois é na morte de cada organismo vivo que cai sobre o solo que este se inicia a partir da sua parte mais superficial. Este acolhe a matéria morta para incorporar em si todos os elementos necessários à vida, os minerais são libertos das suas formas mais estáveis para serem novamente disponibilizados e renovados.
Aquilo que vulgarmente chamamos, terra, a parte mineral do solo, não é mais do que um esqueleto que sustenta a revitalização da matéria morta em matéria viva. Sustenta as plantas e os minerais de que necessitam, sustenta os microrganismos e outros que convertem moléculas complexas em simples para que estejam disponíveis, mais uma vez, para as plantas. E de onde vêm todos estes minerais? Do núcleo da terra, uma massa desorganizada de elementos em ebulição constante que vão emergindo, arrefecendo e fruto de diferentes pressões e tensões, formando estruturas sólidas, a rocha. A rocha que sujeita a movimentos das várias placas, emerge até ao ponto de se encontrar perto da superfície. Tudo se passa num ciclo, um carrossel natural que obedece a um ritual que existe com um único fim. A rocha mãe do solo liberta lentamente os seus minerais, que nos seus diferentes tamanhos e características químicas formam diferentes tipos de estruturas, diferentes tipos de solos. Partículas maiores e menores, a areia, o limo, a argila. Essa é a estrutura o esqueleto, plástico, inerte, de modificação lenta. Em cima a matéria orgânica, manta morta, conferindo-lhe fertilidade, como musculo, como o sangue. Enfim, muito superficialmente o solo.



(1) Varandas M.J., 2004, O Valor do Mundo Natural – Perpectivas para uma ética do ambiente 2ª Edição – SEA/Apena Livros
(2) Torres C., Arqueólogo: Director do Campo Arqueológico de Mértola
(3) Da Costa J.B., 1995, Caracterização e constituição do solo 5ª Edição – Fundação Calouste Gulbenkian

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Bio às vezes também são vezes

Somos muitas vezes confrontados com pessoas a dizer que gostariam de comer BIO, mas que devido ao preço mais elevado lhes é impossível.

Pois nós temos uma sugestão. A Raízes, visto não impor uma obrigatoriedade de comprar frequente dos seus cestos, sugere:

Encomende um cesto de legumes e fruta em ocasiões especiais, aniversário, jantares de familia, etc...



Bio às vezes também são vezes. Comprar de vez em quando é também uma forma de contribuir para o desenvolvimento da Agricultura Biológica.

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Porquê BIO?

BIO...MAIS SAUDÁVEL

Em média os alimentos biológicos têm níveis mais elevados de vitaminas e de minerais essenciais (como o cálcio, o magnésio, o ferro e o crómio), de hidratos de carbono e de proteínas. Neles há também mais antioxidantes que, entre outro benefícios para o nosso corpo, ajudam a prevenir o cancro.
Não contêm aditivos alimentares que agravam problemas de saúde como as doenças de coração, a osteosporose ou as simples dores de cabeça.
Não usam pesticidas sintéticos, herbicidas e fertilizantes químicos, hormonas de crescimento ou antibióticos. Mais de 400 destes pesticidas são utilizados de forma rotineira na agricultura convencional. Muitas alergias, a asma e outras doenças que invadiram o nosso quotidiano estão relacionadas com o uso destes produtos.
E não admitem a inclusão de transgénicos, organismos geneticamente modificados, na cadeia alimentar. Nos produtos bio não há transgénicos.
Os solos regenerados e fertilizados de forma natural criam vegetais, árvores e frutos maus saudáveis e alimentam animais em cuja a carne, leite e ovos podemos confiar.
Para a nossa saúde é decisivo comer bem. E é essencial que os produtos sejam saudáveis e naturais. Uma garantia que dão os produtos bio.

BIO...MAIS SEGURO

A segurança alimentar começa na forma como os alimentos que comemos são produzidos.
E continua no controlo que é feito sobre a sua transformação e sobre a sua comercialização. Os produtos bio são seguros, mais seguros certamente, pela forma como são produzidos. É a terra que é mais sã e se torna mais equilibrada, porque fertilizada com matéria orgânica, é a água que está mais pura, sem produtos perigosos que se infiltram e a vão contaminando, é o ambiente que respira saúde.
E é a maneira de fazer agricultura, o modo de produção biológico, tecnicamente avançado mas respeitando o equilíbrio da natureza, os tempos de crescimento e maturação.
Os produtos bio são também seguros, mais seguros certamente, pela forma como é controlado todo o percurso, da terra até às mãos dos consumidores. Armazenamento, transporte, transformação, embalagem, tudo tem regras definidas claramente na lei.
Nenhum outro produtor alimentar é sujeito ao controlo e acompanhamento que é feito aos produtos da agricultura biológica. Para segurança dos consumidores.

BIO...MAIS SABOROSOS

Quem prova sabe e compreende. Os produtos da agricultura biológica sabem melhor. Neles reencontramos sabores que pareciam perdidos, verdadeiramente produzidos pela natureza. Neles reencontramos a consistência certa, o sabor verdadeiro, sem químicos de síntese nem aditivos. Talvez por isso também, cada vez mais grandes Chefes de Cozinha e excelentes restaurantes escolhem produtos bio.

"Nos produtos biológicos dá-se como que uma concentração de sabor.
Os frutos e os vegetais, poderão não ser tão bonitos como os de produção industrial, que sacrificam ao brilho da pela e à regulariadade da forma, o potencial nutricional dos alimentos. Mas, criados sem o recurso a pesticidas nem conservantes, os produtos biológicos, necessitando apenas de uma lavagem rápida em água corrente, respeitam melhor os nutrientes dos alimentos, permitem-nos absorver sem receio as saborosas fibras das cascas dos frutos e de alguns legumes e preservam de forma assinalável, o sabor específico de cada espécie.
De tão ligados à segurança alimentar e à nutrição, raramente se assinala nos alimentos de produção biológica, a sua supermacia em sabor"

Maria de Loures Modesto

BIO...E OS PREÇOS?

É um dos "mitos" que importa esclarecer: em boa parte os preços dos produtos da agricultura biológica são um pouco (não muito!) mais caros do que a média dos produtos convencionais. Mas é preciso comparar mesmo e verificar regularmente. Porque mesmo nos produtos convencionais a qualidade paga-se e os preços sobem, descem e sobem constantemente. Mas os da agricultura biológica têm vindo a descer.
E ainda por outras razões que, em boa verdade, são as mais importantes:
> o que poupamos por se conservarem mais tempo (quanta fruta, quantos legumes convencionais não aguentam uma semana?)
> o que cada um poupa na sua saúde, nos medicamentos que evita;
> o que pagamos todos para recuperar o ambiente contaminado: que preço tem preservar o ambiente e assegurar o futuro?;
> o que pagamos todos para prevenir ou tratar as doenças em animais, vegetais e frutos.

"Pessoalmente, atribuo muita importância ao sector da agricultura biológica, uma vez que os produtos biológicos representam uma escolha importante nas sociedades modernas, não só para os agricultores como para os consumidores. O papel da agricultura biológica enquanto fornecedora de bens de utilidade pública é conhecido, principalmente em termos de protecção do ambiente e do bem-estar dos animais. Além disso, o apoio à agricultura biológica e ao modo de produção biológico oferece um grande potencial em termos de criação de empregos e de crescimento económico nas comunidades rurais, em benefício dos agricultores e da sociedade em geral. Em Portugal, o sector biológico registou um crescimento impressionante nos últimos três anos. Estou convicta de que esse crescimento continuará, uma vez que o interesse dos consumidores neste método de produção não deixa de aumentar."

Mariann Fischer Boel
Comissária Europeia para a Agricultura e Desenvolvimento Rural
(depoimento para Semana Bio 2006)

BIO...PRESERVAR O FUTURO DOS NOSSOS FILHOS

"...a consciência dos prejuizos ambientais irreversíveis resultantes de práticas que provocaram a poluição do solo e das águas, a depauperação de recursos naturais e a destruição de ecossistemas frágeis, levaram a opinião pública a exigir uma atitude mais responsável relativamente ao património natural comum. Neste contexto a agricultura biológica (...) surge como um sistema de exploração, não só capaz de produzir alimentos sãos, mas também respeitador do ambiente."

in site da Comissão Europeia sobre a agricultura biológica

Na produção biológica os agricultores utilizam actualmente técnicas muito avançadas, com excelente rendimento, e ao mesmo tempo contribuem para o equilíbrio dos ecossistemas e para reduzir a poluição. Estão, desta forma, a preservar o nosso futuro. Valores tão essenciais como respeitar os ciclos da natureza, a capacidade de produção dos solos, o bem-estar dos animais, não são incompatíveis com uma produção equilibrada e rentável. Pelo contrário, a agricultura biológica está a desenvolver-se a um ritmo admirável e com ela diminui a desertificação do interior em toda a Europa e cresce a economia e a coesão social das zonas rurais.
Consumir produtos biológicos é hoje, também apoiar a protecção do ambiente, a biodiversidade, a preservação dos recursos naturais, o desenvolvimento sustentável, a criação de emprego para muitos jovens.
Faz parte de uma forma de estar no mundo mais responsável, solidária, justa e criativa. Estamos a preservar o nosso futuro e, acima de tudo, a apoiar e a preservar o futuro dos nossos filhos.

BIO...A CRESCER, A CRESCER

A Comissão Europeia apresentou recentemente ao Conselho e ao Parlamento Europeus um "Plano de Acção Europeu" para dar um impulso ainda maior ao sector que tem registado "um crescimento espectacular" nos ultimos 15 anos. Em 2003, segundo dados da Comissão, tinham aderido à agricultura biológica 149 mil explorações que representavam já, nos 25 Estados-Membro, 1,4% das existentes, abrangendo 5,7 milhões de hectares, ou seja, 3,6% da superfície agrícola utilizada.
Também o Governos Português, em consonância com a EU, aposta do desenvolvimento da agricultura biológica. A "Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável", aprovada pelo Governos em Junho de 2006, pretende estender a superfície agrícola utilizada em agricultura biológica dos 3,2% que ocupava em 2003, para 10% em 2013.
Em Portugal, além das lojas, mercados e pontos de venda especializados que um pouco por todo o país têm vindo a multiplicar-se, também nas grandes superfícies crescem os produtos da agricultura biológica - vegetais e fruta, carnes e enchidos, pão, massas e lacticínios, azeites e vinhos etc. - numa evidente atenção às exigências de cada vez mais consumidores.

(A totalidade deste texto foi retirada do folheto informativo relativo à SEMANA BIO 2006, promovida pela INTERBIO)

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Legumes de ouro biológico

Será possível? Legumes de ouro biológico?!!!

Parece incrível mas esta noticia não tem lá muito de engano.

A verdade é que para nosso espanto reparamos, nós que até nem somos nada dados a visitas às grande superfícies, que um desses locais onde as famílias portuguesas fazem “visitas guiadas” para efectuar as suas compras regulares, vende produtos biológico de ouro.
Só assim conseguimos compreender a disparidade dos preços entre um comerciante grande e um comerciante pequeno. Já o mesmo não se deverá aplicar em relação à noção de grande comerciante e pequeno comerciante.
Já é bem conhecida a forma carinhosa como as grandes superfícies tratam os seus fornecedores, com a técnica do torno, aperta, aperta até partir…
O mesmo se está a passar com os produtos biológicos, ah…de ouro!!!

Vejamos bem porque dizemos isto. Comparando os preços da Raízes, com os de uma dessas cadeias, que só não obriga os fornecedores a pagar para lá expor os seus produtos porque não pode.
Obviamente não mencionaremos o nome da cadeia e gostaríamos até de ter outros valores presentes, mas como ficamos sempre aborrecidos quando a necessidade nos obriga a ir a um desses sítios, não pudemos constatar mais preços, tudo em nome do nosso bem-estar.

Todos os preços são por Kilograma

Produtos - Cadeia A - Raízes

Alho Seco - 7,48 - 5,97
Alface - 3,30 - 3,15
Batata - 1,49 - 1,35
Cebola - 2,29 - 1,73
Cenoura - 2,3 - 1,97
Lombarda - 1,49 - 1,85

Conclusão:

Pagam menos e ganham mais!!!!
Não!!! O BIO é que é caro!!! Os agricultores é que andam a aproveitar-se da situação!! Só pode!!!!

É pá!!! Desculpam, afinal nós é que andamos a cobrar demasiado, o nosso preço da lombarda é que é ridiculo...perdão...

domingo, janeiro 06, 2008

Agricultura Biológica em Espaço Urbano

Nota introdutória

Cresci em Vila Nova de Gaia, e ai, não vão muitos anos, lembro-me de passarem vacas na rua, haver leite fresco, enormes campos abertos, quintas, ouriços caixeiros, sapos, ribeiros, e uma enorme tradição rural.
Existem marcos, culturais, arquitectónicos, paisagísticos que testemunham um passado recente que vale a pena avivar.
Por outro lado, os recentes desenvolvimentos da economia mundial, a realidade da economia do carbono, o constante aumento do preço do petróleo trouxeram uma nova urgência. Aproximar a fonte de produção da fonte de consumo, sobretudo no que se refere aos produtos alimentares, como os hortícolas e frutícolas.

Porquê?

Em primeiro lugar porque muitas das cidades crescem nas terras mais férteis do planeta e ai deveria ser promovido o uso do solo naquilo que este tem mais potencialidade. Em segundo lugar urge a necessidade de criar uma nova ordem de equilíbrio nas cidades, um novo conceito de espaço urbano, onde o cimento e o alcatrão devem perder peso e a natureza e os espaços verdes devem ganhar força. Finalmente, em terceiro lugar, as preocupações ambientais, a necessidade de redução das emissões de carbono e ainda a crise energética que se instala a cada mês tornam cada vez mais urgente uma aproximação da fonte de produção da fonte do consumo.
Reparem como as nossas cidades são altamente dependentes de complexos sistemas logísticos de fornecimento de bens de primeira necessidade, reparem como estão distantes as origens desses mesmos bens. Em média cada produto alimentar percorre cerca de 15,000 km até chegar a nossa casa. Pensem no que acontecerá se houver uma verdadeira crise energética e se tornar economicamente inviável fazer o transporte de bens alimentares.
Parece um cenário demasiado pessimista, contudo os factos dizerm que apenas em 2007 o preço do petróleo subiu 57%, ainda em 2001 o preço do barril do petróleo se situava abaixo do $ 30 por barril e hoje este situa-se perto do $ 100. Obviamente não ouvimos os políticos a dar muita importância a este assunto, seria obviamente indesejável criar uma onda alarmista. Contudo o alarme existe e está bem presente junto da Associação para o Estudo do Pico do Petróleo e do Gás (ASPO - http://www.aspo-portugal.net/)

Vila Nova de Gaia

Vila Nova de Gaia, é um concelho com tradições rurais, tendo ainda uma grande área com potencialidades agrícolas, nos seus 168,7 km2 fazendo deste concelho o maior do distrito do Porto. Caracterizada por uma significativa diversidade da sua estrutura económica, com tradições na agricultura, pesca, cerâmica, têxtil, ferragens, etc… Gaia tem em si enormes potencialidades. A sua diversidade paisagística, que lhe confere um carácter único, com zonas históricas de enorme valor patrimonial, como a zona das caves do vinho do porto, mas também o Mosteiro de Pedroso e de Grijó. Ainda, zonas de elevado valor arquitectónico, como são os casos da Granja e Miramar, zonas rurais onde se regista uma forte presença da realidade vivida no pais à algumas décadas apenas, como testemunham os moinhos de água e os engenhos.

O património natural também não poderá ser desprezado, pois o concelho é rico em ribeiros, e existe uma grande variedade faunística e florística presente desde as zonas dunares às zonas mais interiores. Se acrescentarmos a isto tudo as praias, a cultura piscatória fortemente vivida, especialmente na Aguda, facilmente chegamos à conclusão que o Concelho de Gaia é sem dúvida alguma um dos concelhos, mais ricos e com maiores potencialidades no pais, capaz de oferecer um elevado nível de vida qualitativo aos seus habitantes.
Por todas estas razões fará todo o sentido e dará ainda mas prestigio a Gaia ser um concelho pioneiro na exploração de um novo conceito para a Agricultura.
A Agricultura Biológica em Espaço Urbano.

Aproveito para deixar aqui escrito que em Vila Nova de Gaia, já existe um projecto de Agricultura Biológica, chama-se “O Cantinho das Aromáticas” (http://www.cantinhodasaromaticas.pt).
Para além do Cantinho das Aromáticas, a Raízes tem lutado por um espaço em Gaia para implementar o seu projecto de produção de hortícolas em Modo de Produção Biológico em Gaia, (estamos mais optimistas, desde o final do ano de 2007).

Humanismo e Ligação à Terra

Todos nós sabemos onde encontramos os nossos legumes e frutas, no Supermercado.
Estes são no entanto sítios pouco humanizados, e existem até miúdos que já nem sabem de onde vêm as couves, as galinhas, como se fazem chouriços ou queijo, podendo chegar ao ridículo de verem ervilhas ainda na vagem e dizer que estes têm uma embalagem diferente e etc, e etc… Antigamente ainda havia o Sr. Joaquim da mercearia, que conhecia todas as pessoas pelo nome e caso nos esquecêssemos do dinheiro, sorria e dizia:
– Vá lá, não se preocupe, depois passa cá e paga. Sei que não foge, sei que é boa gente…
Hoje em dia nada disto parece ser possível. As meninas dos supermercados parecem estar em competição para ver qual das máquinas registadoras faz mais “pips” por minuto, as pessoas são despachadas de tal forma que muitas vezes saímos do supermercado sem quase termos olhado nos olhos da pobre menina que trabalha a 1000 à hora, com a ameaça do despedimento apontada para a porta.
Somos desejados como clientes, mas não por muito tempo, somos atraídos mas não nos dão nada, muitas das vezes nem um sorriso…pudera, também eu não sorriria se tivesse de trabalhar num supermercado.
Mais uma vez aqui encontro uma boa razão para apostar na Agricultura Biológica em Espaços Urbanos.
Imaginem a possibilidade de ir ao campo buscar os seus vegetais, frescos, cortados na hora, ao fazer isso pode ainda aproveitar para aprender sempre algo sobre aquilo que se vai fazendo no campo, alivia um pouco o stress acumulado depois de um dia de trabalho com duas lufadas de ar fresco antes de ir para casa e cozinhar os seus vegetais ainda vertendo a seiva que lhes corre nos caules. Tudo bem diferente do Supermercado, sabendo de onde vêm os seus legumes, como foram cultivados, etc…assim estará obviamente a restabelecer laços com a Terra, importantíssimos para uma cada vez maior consciência ambiental.
O facto de os seus vegetais serem provenientes de Agricultura Biológica, por si só já encerra em si um conceito mais humano, para além de o relacionamento com um agricultor ser bem diferente do relacionamento com uma caixa registadora.
Para além de tudo que tem haver com a troca comercial, existe ainda o lado do produtor. É realmente difícil compreender como é possível um agricultor dormir tranquilo sabendo que toda a sua produção é tratada e fertilizada à custa de produtos químicos. É incompreensível que isso seja vulgarmente aceite, contaminando os nossos corpos, os nossos filhos, as nossas águas, os nossos solos. Como alguém me disse uma vez, não se devia dizer Agricultura Biológica, esta devia ser apenas Agricultura, a outra Agricultura (Convencional), essa sim deveria ser distinta no nome, a sugestão desse meu amigo foi para se chamar Agricultura Petroquímica. Não poderia estar mais de acordo.

Conclusão

Parece-me que as conclusões são fáceis de tirar. Existe espaço disponível para Agricultura Biológica em Espaço Urbano, (pelo menos em Gaia), é possível cultivar mais próximo do consumidor, permitindo maior frescura dos produtos e reduzindo enormemente as emissões de carbono. A proximidade trará a possibilidade de todos conhecerem o agricultor e a origem daquilo que comem.
Sinceramente não sei de que estamos à espera!!!

sábado, janeiro 05, 2008

Pastinaca













Quantas vezes ouviram falar na importância de preservar a biodiversidade, as espécies autóctones, as tradições da terra, etc…

A pastinaca é sem dúvida um excelente exemplo da forma como desprezamos o que de melhor a nossa terra nos dá. Por outro lado encontramos uma óptima oportunidade de recuperar uma cultura que nos oferece um legume fantástico, tanto pelo seu aroma e sabor, como pelas suas propriedades. É nesse sentido que a Raízes tem introduzido a pastinaca na variedade de hortícolas que tem disponível e promovido a sua inclusão na cozinha dos nossos clientes.

Pastinaca (Pastinaca sativa), também conhecida por cherovia, cherivia, cheruvia ou pastinaga.
A pastinaca é uma planta pertencente à família da Apiaceae, plantas Angiospérmicas (plantas com flor). A esta família pertecem ainda a cenoura, a salsa, o aipo, os coentros, o funcho e endro ou aneto entre outras.

Quem descobre a pastinaca, rapidamente se apaixona por este legume, de fácil preparação e simples utilização na cozinha, desde sopa, saladas, legumes salteados, frita, puré, etc…
O seu intenso sabor, muito agradável, passeia-se pelos paladares da salsa e cenoura, embora mais intenso e há quem diga que o seu aroma tem algo parecido com o cheiro a coco.

O Cultivo da pastinaca remota aos tempos da Eurásia, antes do uso da batata, sendo que esta ocupava o seu lugar. É curioso analisarmos este facto, pois a introdução da batata no Sex. XVI pelos espanhóis na Europa veio retirar progressivamente espaço à pastinaca na nossa alimentação. A esse facto, não será seguramente alheio, o facto de a batata ser uma cultura mais produtiva.


Em termos nutritivos a pastinaca acaba por ser mais rica em vitaminas e sais minerais do que a cenoura, sendo que se destaca essencialmente pela quantidade de potássio, fósforo, vitamina A, vitamina B e ainda algum valor calórico.

Tradicionalmente a pastinaca em Portugal é cultivada na zona da Serra da Estrela, sendo contudo possível o seu cultivo noutras zonas do país. Esta planta no entanto não cresce em climas quentes e necessita da geada para desenvolver o seu sabor. Pelo tipo de raiz que é, a pastinaca prefere terrenos arenosos e/ou limosos. Terrenos argilosos ou pedregosos dificultam o seu crescimento, provocando raízes deformadas e de pequeno tamanho.

Finalmente deixamos o desafio de experimentar. Teremos todo o gosto em apresentar a pastinaca e ensinar como a introduzir na sua cozinha diariamente. Estará assim a contribuir para uma alimentação mais variada e rica, para além da preservação da biodiversidade.

Escusado será dizer que tudo só faz sentido se for de Agricultura Biológica.