quarta-feira, julho 25, 2007

Agricultura Biológica vs Desenvolvimento Sustentável (parte I)

INTRODUÇÃO


A ideia da Agricultura Biológica é por si só louvável e imprescindível para que todas as pessoas possam, cada vez mais, ter acesso a produtos alimentares com a devida qualidade nutritiva, sem a presença de contaminantes que colocam em causa a nossa saúde a médio e longo prazo.

Preocupa-nos contudo uma ideia talvez redutora da Agricultura Biológica que promove apenas uma simples conversão dos sistemas agrícolas convencionais.

Para nós, Agricultura Biológica é apenas uma parte da resolução de um problema complexo que tem haver com todo o processo de produção, distribuição e abastecimento da nossa sociedade com bens alimentares.

Falamos naturalmente das cidades pois é neste local que se concentra a maioria da população.

A População urbana aumenta rapidamente, sendo hoje superior à da população rural, estando previsto ainda que seja o dobro desta nos próximos trinta anos.

As zonas de produção Agrícola afastaram-se das cidades e com isso aumentou a necessidade de transportes e de produção para justificar os custos de produção.

Em média os produtos alimentares viajam 15.000 Km até chegar à nossa mesa, vindos de todas as partes do mundo. Tudo isto significa, maior necessidade de energia, mais emissões de carbono, mais área ocupada, etc...

Aquilo que tentaremos abordar aqui, não é apenas a importância da Agricultura Biológica, mas também a necessidade de que esta seja ecológica.

Para percebermos melhor o conceito de Agricultura Biológica e Ecológica, aconselhamos a olhar para o conceito de Pegada Ecológica e convidamos todos a fazer um teste no site: http://www.earthday.net/footprint/index.asp


PEGADA ECOLÓGICA


MUNDIALMENTE, EXISTEM 1.8 HECTARES GLOBAIS DE ÁREA BIOLOGICAMENTE PRODUTIVA POR PESSOA.


Incrivelmente uma cidade como Londres, necessita de 8 Hectares por habitante. Ou seja, uma cidade apenas representa mais de 80 milhões de hectares.

No meu caso concreto a minha pegada ecológica situa-se nos 3,3 hectares. Bem acima dos 1,8 hectares disponíveis.


CATEGORIA HECTARES GLOBAIS

ALIMENTAÇÃO 0.8

MOBILIDADE E TRANSPORTES 0.5

HABITAÇÃO 0.9

BENS DE CONSUMO E SERVIÇOS 1.1

VALOR TOTAL DA PEGADA 3.3


Este valor apesar de estar bem abaixo da média nacional, 4,5 hectares, é no entanto bastante alto para a área de 1,8 hectares disponível por habitante do planeta.

Como se faz entender pelo princípio da Pegada Ecológica, o nosso estilo de vida está directamente relacionado com a ocupação de uma área. Se a soma dessas áreas, (da população mundial), for superior à área total disponível isso quererá dizer que estamos num caminho insustentável.

Recordo que a sustentabilidade requer que não se coloquem em causa as necessidades das gerações futuras.


CIDADES SUSTENTÁVEIS


Dentro daquilo que foi escrito anteriormente será facilmente compreendido pelo leitor que existe uma profunda necessidade de alterar o conceito de cidade, conforme as conhecemos.

A cidade para ser sustentável terá de ser mais do que um mar de betão, estradas, pessoas, comercio e industria. Existe a necessidade de criar um equilíbrio, criar zonas verdes, dar espaço a meio natural. Mas, no conceito de cidades sustentáveis deverá também ser adicionada à fórmula a agricultura urbana e peri-urbana. Só dessa forma será possível reduzir os enormes gastos energéticos dispendidos no transporte de alimentos, na conservação e armazenagem, etc...

Contudo não basta haver agricultura urbana e peri-urbana, para que esta seja sustentável. Certamente não fará qualquer sentido que essa agricultura seja intensiva, contribuindo para a equação de problemas ambientais. Quando falamos em agricultura urbana e peri-urbana estamos obviamente a considerar que esta terá de ser, a Agricultura Biológica.

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