As matas, floresta e outras comunidades naturais de plantas sobrevivem há muitos séculos sem qualquer intervenção externa. Por exemplo, uma planta que se desenvolva num ambiente selvagem, desenvolve-se utilizando apenas dióxido de carbono (e azoto caso se trate de uma leguminosa) do ar e o alimento que a terra lhe oferece.Não utilizando quaisquer recursos valiosos nem causa poluição. E ainda que não se possa dizer que um jardim ou horta biológicos sejam totalmente naturais, os métodos biológicos tentam seguir o exemplo na natureza o máximo possível.Na natureza, tudo é reciclado; nada é desperdiçado. As folhas e frutos podem cair da planta, para a terra, onde se decompõem e tudo o que contêm de bom ficará disponível para a mesma planta ou para outras que se desenvolvam na mesma área. A sua matéria orgânica ajudará a manter a estrutura do solo. Os seres que comem as plantas (herbívoros), tais como as lagartas ou coelhos, podem comer partes da planta e os excrementos que produzem volta de novo para a terra, assim como os próprios seres quando morrerem.Por outro lado as lagartas podem ser comidas por pássaros e os coelhos por raposas. Estas criaturas, por sua vez produzirão, também excrementos e também voltarão para a terra quando morrenrem.Na natureza não é necessário recorrer a fontes externas, uma vez que tudo é reciclado dentro do sistema. Todo este ciclo é continuamente mantido em funcionamento pelos microorganismos que se encarregam da decomposição das matérias vegetais, excrementos e corpos mortos.Estas criaturas essenciais tedem a ser menosprezadas, ignoradas ou até mesmo exterminadas pelos métodos químicos artificiais de horticultura ou jardinagem.Num jardim ou numa horta, deve reciclar-se o máximo possível, ainda que seja necessário recorrer a fontes exteriores para manter a fertilidade. No entanto, os fertilizantes utilizados num jardim ou horta biológicos são de origem natural e têm também de ser processados pelos organismos presentes no solo, antes da parte boa neles inclusa ser disponibilizada às plantas. Os fertilizantes artificias que se dissolvem rapidamente na água do solo e que são directamente absorvidos pelas plantas, ignorando os seres do solo, não são utilizados, uma vez que estes podem causar um desenvolvimento exagerado das plantas, situação mais propícia ao desenvolvimento de pragas e doenças. As matérias naturais cotêm uma variedade maior e mais equilibrada de alimento para as plantas do que os fertilizantes químicos artificiais.Além dos nutrientes principais, azoto, potássio e fosfato, também fornecem micronutrientes e microelementos, essenciais a um crescimento equilibrado.Muitos deles também ajudam a melhorar a estrutura do solo.Para minimizar os custos de energia de produção e transporte, os materiais utilizados para manter o solo fértil devem ser, sempre que possível, produtos reciclados, de preferência no local de origem.
A Horta e o Jardim Biológicos (pag.9) de Pauline Pears e Sue Stickland - Publicaçõe Europa América
BEM-VINDOS AO BLOG DA RAÍZES Aqui poderá encontrar informações sobre a Agricultura Biológica, Ecologia, Desenvolvimento Sustentável, Humanismo, Saúde e outras informações sobre o nosso trabalho. APROVEITE TAMBÉM PARA VISITAR O NOSSO SITE WWW.RAIZES.ORG e a nossa loja online
quinta-feira, outubro 26, 2006
segunda-feira, outubro 23, 2006
Citações de Michio Kushi II
Estas citações foram retiradas do Livro "Agricultura Natural - Plantando a Horta das Delícias" cujo autor é Michio Kushi, Edições Cosmogenese de 1978.
"...a fertilização intensa foi introduzida, mais ou menos na mesma altura em que se disse às pessoas que dessem a seus filhos suplemento vitamínicos e alimentos extra-ricos, o que correspondeu a um substâncial aumento de doenças superficiais.Nessa altura, começou a plantação intensificada da terra, isto quando os pais eram levados a enviar os seus filhos para classes de ginástica e desportos organizados em vez de os deixar inventar as suas próprias bricadeiras. E ainda me lembro que os pássaros começaram a desaparecer misteriosamente dos campos e dos «ares», tal como os pequenos animais dos bosques, os grilos da noite e as borboletas de dia.O processo culiminou no uso dos pesticidas químicos e dos exterminadores de ervas daninhas, mais ou menos na altura em que as drogas príquicas se difundiram."
"...a fertilização intensa foi introduzida, mais ou menos na mesma altura em que se disse às pessoas que dessem a seus filhos suplemento vitamínicos e alimentos extra-ricos, o que correspondeu a um substâncial aumento de doenças superficiais.Nessa altura, começou a plantação intensificada da terra, isto quando os pais eram levados a enviar os seus filhos para classes de ginástica e desportos organizados em vez de os deixar inventar as suas próprias bricadeiras. E ainda me lembro que os pássaros começaram a desaparecer misteriosamente dos campos e dos «ares», tal como os pequenos animais dos bosques, os grilos da noite e as borboletas de dia.O processo culiminou no uso dos pesticidas químicos e dos exterminadores de ervas daninhas, mais ou menos na altura em que as drogas príquicas se difundiram."
sábado, outubro 21, 2006
Excertos Biológicos
"Enveredar pela via orgânica ou biológica" não é apenas uma questão de mudança de marca de fertilizante ou desistir delas todas.
Implica uma mudança de atitude; por parte da ideia de que qualquer ser minúsculo é uma praga, qualquer planta que cresça fora do sítio devido é uma infestante e que pulverizar com pesticidas resolve todos os problemas.
O objectivo de uma horta ou jardim biológicos é favorecer a natureza. Isto não só ajuda a manter o seu jardim ou a sua horta saudáveis, como também oferece ambientes seguros para os animais selvagens.
A Horta e o Jardim Biológicos (pag.7) de Pauline Pears e Sue Stickland - Publicaçõe Europa América
Implica uma mudança de atitude; por parte da ideia de que qualquer ser minúsculo é uma praga, qualquer planta que cresça fora do sítio devido é uma infestante e que pulverizar com pesticidas resolve todos os problemas.
O objectivo de uma horta ou jardim biológicos é favorecer a natureza. Isto não só ajuda a manter o seu jardim ou a sua horta saudáveis, como também oferece ambientes seguros para os animais selvagens.
A Horta e o Jardim Biológicos (pag.7) de Pauline Pears e Sue Stickland - Publicaçõe Europa América
quarta-feira, outubro 18, 2006
Citações de Michio Kushi I
Estas citações foram retiradas do Livro "Agricultura Natural - Plantando a Horta das Delícias" cujo autor é Michio Kushi, Edições Cosmogenese de 1978.
"Que vão aos pares para o campo e que seja o homem a lançar as sementes que a mulher leva nas mãos! Que façam amor depois de semear!"
"...paraiso, palavra que em hebreu designa um local de estudo e um pomar murado."
"A causa do medo é a falta de fé."
"A tentativa humana de modificar a Terra pela cultivação sistemática, assemelha-se à de uma criança que quer modificar o leite da mãe por pensar que não lhe satisfaz as suas necessidades."
"A primeira coisa que o lavrador (convencional) faz, quando começa a trabalhar o campo, é cortar as árvores, para que as culturas recebam a luz do Sol. As plantas assim expostas perdem mais água por evaporação e passam, por isso, a precisar de ser regadas.
As plantas regadas incham e crescem necessitando de fertilizantes para se manterem pois têm um percentagem baixa de minerais nos seus sistemas em relação ao seu alto teor de água. E, por isso, os lavradores espalham os fertilizantes, o que é um trabalho pesado e difícil, mas finalmente as suas plantas apresentam-se grandes e ricas em minerais. Mas, simultaneamente, são uma tentação para as chamadas bactérias nocivas e pragas de insectos. Para os combater, usam-se os pesticidas que matam toda a fauna menor, benéfica e prejudicial."
"Na ordem do universo um efeito tende a equilibrar o outro efeito. ...E possivel tornar um arbusto maior, mas então teremos flores mais pequenas. Se se plantam muitas sementes em pouco espaço, cada planta terá menos folhas. A ciência conhece todos estes efeitos, mas abestem-se de tirar deles a necessária conclusão..."
"Que vão aos pares para o campo e que seja o homem a lançar as sementes que a mulher leva nas mãos! Que façam amor depois de semear!"
"...paraiso, palavra que em hebreu designa um local de estudo e um pomar murado."
"A causa do medo é a falta de fé."
"A tentativa humana de modificar a Terra pela cultivação sistemática, assemelha-se à de uma criança que quer modificar o leite da mãe por pensar que não lhe satisfaz as suas necessidades."
"A primeira coisa que o lavrador (convencional) faz, quando começa a trabalhar o campo, é cortar as árvores, para que as culturas recebam a luz do Sol. As plantas assim expostas perdem mais água por evaporação e passam, por isso, a precisar de ser regadas.
As plantas regadas incham e crescem necessitando de fertilizantes para se manterem pois têm um percentagem baixa de minerais nos seus sistemas em relação ao seu alto teor de água. E, por isso, os lavradores espalham os fertilizantes, o que é um trabalho pesado e difícil, mas finalmente as suas plantas apresentam-se grandes e ricas em minerais. Mas, simultaneamente, são uma tentação para as chamadas bactérias nocivas e pragas de insectos. Para os combater, usam-se os pesticidas que matam toda a fauna menor, benéfica e prejudicial."
"Na ordem do universo um efeito tende a equilibrar o outro efeito. ...E possivel tornar um arbusto maior, mas então teremos flores mais pequenas. Se se plantam muitas sementes em pouco espaço, cada planta terá menos folhas. A ciência conhece todos estes efeitos, mas abestem-se de tirar deles a necessária conclusão..."
segunda-feira, outubro 16, 2006
Que Futuro Para A Agricultura Biológica?
terça-feira, outubro 10, 2006
2000 Visitas ao Blog
Ontem foram atingidas as 2000 visitas ao nosso blog.
Visto termos começado a nossa actividade a 18 de Abril, o que faz até ontem 6 meses certos, achamos que não está mal.
Continuem a visitar a Raízes, tanto o Blog como a página. Agradecemos a vossa ajuda na divulgação do nosso projecto.
Agora vamos ao trabalho.
Visto termos começado a nossa actividade a 18 de Abril, o que faz até ontem 6 meses certos, achamos que não está mal.
Continuem a visitar a Raízes, tanto o Blog como a página. Agradecemos a vossa ajuda na divulgação do nosso projecto.
Agora vamos ao trabalho.
quarta-feira, setembro 27, 2006
APRESENTAÇÂO DA PROPOSTA DE PROJECTO DA RAÍZES AO PÚBLICO

Visando a implementação e promoção da Agricultura Biológica em todo o Concelho de Vila Nova de Gaia,no próximo dia 7 de Outubro apresentaremos ao público a nossa proposta.
Convidamos a todos os interessados a comparecer no dia 7 de Outubro na Praça do Marquês nr. 167 às 20:30, hora da apresentação.
Ai haverá oportunidade para conhecer as várias componentes da nossa proposta, assim como haverá lugar para uma conversa aberta.
Convidaremos também nessa mesma ocasião todas as pessoas interessadas a subscrever a nossa proposta de projecto.
Este momento marca a abertura oficial da nossa proposta ao público, sendo que é pretendido reunir o máximo apoio de forma a que a nossa proposta possa ganhar mais força junto da Câmara de Gaia.
Não podemos obviamente deixar de mencionar que esta nossa apresentação se insere no programa de actividades da 2º Sessão Copyriot - Gente Sem Patente , promovido pela Casa-Viva .
Não deixem de consultar o o programa no site (). Exposições, Debates, Cinema, Musica são algumas das coisas que poderá assistir e participar entre dia 5 e 7 de Outubro na Praçã do Marquês 167 - Porto.
BASTA BATER À PORTA
sábado, setembro 23, 2006
23 de Setembro - Raízes na Biologicamente
No próximo Sábado a Raízes estará mais uma vez presente em sessão de apresentação do seu projecto na loja Biologicamente
Na Biologicamente a partir das 16 horas, venha saborear alguns vinhos de uvas provenientes de Agricultura Biológica.
Em simultâneo, ocorrem novas inaugurações de exposições nas Galerias de Arte.
Apareçam
Na Biologicamente a partir das 16 horas, venha saborear alguns vinhos de uvas provenientes de Agricultura Biológica.
Em simultâneo, ocorrem novas inaugurações de exposições nas Galerias de Arte.
Apareçam
quarta-feira, setembro 13, 2006
COPYRIOT 2 - Gente Sem Patente
O Projecto Casa Viva organiza entre os dias 5, 6 e 7 de Outubro a segunda sessão evento Copyriot - gente sem patente.
A Raízes juntou-se a este evento onde marcará a abertura ao público da proposta de projecto que pretende apresentar junto da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia com o objectivo de promover a Agricultura Biológica em todo o Concelho.
Este evento marca a abertura de um periodo em que procuramos reunir o maior número de pessoas que subscrevam a nossa proposta para assim poder ganhar mais força.
Naturalmente convidamos todos a estarem presentes na nossa apresentação a realizar dia 07 de Outubro na Casa Viva, Praça do Marquês 167 no Porto.
Para mais informações sobre o envento convidamos a visitar o site http://copyriot.azine.org
Agradecemos qualquer tipo de divulgação para que o projecto Raízes possa ter sucesso.
Abaixo transcrevemos o manifesto do evento.
Copyriot - manifesto
Em defesa do conhecimentoe da cultura para todos
No mundo de hoje, regido pela febre do consumo e pelo dinheiro, a espiritualidade do ser humano, a sua criatividade, o conhecimento acumulado ao longo de milhares de anos, o rico mosaico de culturas que conforma a espécie, estão seriamente ameaçados. Seria de estranhar que algo de tão importante escapasse à protecção das leis. E, de facto, não escapa. Mas os interesses económicos das multinacionais adulteraram todo o sentido destes conceitos. O que deveria servir a criação transformou-se em protecção ao investimento, impedindo inclusivamente o exercício efectivo dos direitos mais elementares do homem, tais como o direito à vida, ao conhecimento, à sua identidade, ao seu direito a participar activamente na vida espiritual da sociedade.
Actualmente, o regime de direito de autor não satisfaz as necessidades da sociedade nem está de acordo com as possibilidades que o desenvolvimento tecnológico coloca nas suas mãos. Este sistema transformou-se em legitimador da submissão da cultura às leis do mercado, favorecendo a dominação económica e cultural dos povos.
O direito de autor como direito humano deve ter implícito o equilíbrio entre o direito do autor à sua obra e o direito da sociedade a ter acesso a ela. Este equilíbrio foi quebrado, não a favor dos autores nem da sociedade, mas a favor dos que exercem os direitos em nome dos autores, ou seja, os cada vez maiores monopólios da indústria editorial, informática, biotecnológica e do entretenimento. O exercício dos monopópios exclusivos que a legislação de propriedade intelectual outorga entra frequentemente em contradição com o exercício de direitos humanos tão importantes como o direito à saúde, à vida, ao conhecimento e à educação. E são sempre estes que saem a perder.
Por detrás de uma aparente defesa dos direitos dos autores, os interesses empresariais juntam criadores, governos e sociedade em geral ao reforço das legislações de propriedade intelectual e à sua hegemonização internacional, tomando como referente as propostas dos países mais desenvolvidos, apoiados por muitos organismos internacionais. Desta forma, a cultura, o intercâmbio de conhecimentos e o desenvolvimento vêem-se seriamente danificados.
A inclusão de normas de propriedade intelectual nos acordos da OMC e nos tratados de comércio livre não é mais do que o fechar do círculo, ameaçando seriamente a soberania e a diversidade cultural dos povos. Ao obrigar os Estados a adoptarem conceitos de direitos de autor muito restritos ao impedi-los de exercer políticas culturais de protecção efectiva, os monopólios garantem um comércio de produtos e serviços culturais desigual e afoga-se o desenvolvimento das expressões culturais locais.
Por outro lado, o estudo dos processos criativos em todo o mundo demonstra a falta de universalidade de muitos dos conceitos e instituições criados pelo direito de autor para a protecção da criação, ao não reconhecer, entre outros aspectos, as formas colectivas de criação e apropriação dos povos originários, ou a necessidade de outras formas de regulação que não a dos monopólios exclusivos de exploração dos resultados criativos. O sistema vigente, ao ser aplicado a realidades e momentos tão diferentes, apenas tornou possível (e até motivou) as utilizações ilegítimas e o saque do património colectivo.
A criação não se defende impedindo a sua difusão. Normas mais rígidas não trarão mais criatividade. Para proteger a criação tem que se garantir os seus espaços, estimulá-la, incentivá-la, tenha ou não êxito comercial, apenas em virtude da sua condição de expressão da espiritualidade do ser humano, de cada um deles na sua infinita diversidade. Há já muitos locais em que se notou a evidência das contradições assinaladas e onde se formam posições contrárias. Surgiu um número considerável de iniciativas que têm como objectivo o uso de modelos legais mais permissivos, que fomentam a solidariedade e a cooperação em vez de a proibir. Princípios como o GPL, o Copyleft, as iniciativas Creative Commons, abriram um caminho ao qual se juntaram associações de profissionais, intelectuais, criadores e programadores que começam a transformar, a pouco e pouco, o cenário internacional.
Tendo em conta estes princípios, parece-nos importante:
1.Construir, na teoria, um pensamento anti-hegemónico integrador em matéria de direitos culturais, artísticos, intelectuais, científicos e tecnológicos.
2.Articular a resistência através da ligação entre pessoas, instituições, meios de difusão, organizações e redes sensíveis a estes problemas, que permitam desenvolver a capacidade mobilizadora necessária para dar resposta imediata, por todos os meios possíveis, às manobras do poder hegemónico tanto a nível nacional como internacional.
3.Apoiar as alternativas em marcha no âmbito da cultura livre.
4.Inventar propostas ou projectos viáveis que tenham como objectivo principal o fomento de relações culturais e fluxos de conhecimentos entre pessoas, que estimulem a criatividade da sociedade como via para o enriquecimento do património cultural, educativo e espiritual dos povos, ao mesmo tempo que favorecem o acesso de todos aos resultados que se alcancem.
É por estas e por muitas outras razões que achamos indispensável o debate e a criação de alternativas reais que, de alguma forma, protejam quem cria e que lhe permitam decidir livremente qual o rumo e quais os moldes em que pretende divulgar e fazer conhecer a sua obra. Em suma, é necessária a criação de alternativas que defendam realmente as obras e os direitos de quem as cria, e não apenas de quem cria riquezas à custa da exploração da obra e da submissão do(s) criador(es).
Porque quem realmente é o nosso inimigo não é o pessoal que gosta, copia, divulga, mostra, troca, empresta, apoia, o que se faz, mas antes quem nos impede de mostrarmos o que fazemos e que reprime quem o faz.
Por tudo isto, não queremos passar sem deixar bem claro que somos defensores da diversidade cultural. Somos pessoas, artistas, criadores e distribuidores que, a partir de modelos alternativos, criticam as cadeias tradicionais de produção e distribuição das multinacionais. Lutamos pela salvaguarda das expressões culturais dos povos, defendemos culturas e formas de expressão em perigo real de serem absorvidas pela cultura hegemónica, acreditamos no chamado património cultural imaterial, nas formas de criação e apropriação culturais colectivas, como os conhecimentos tradicionais. Somos também artistas que levam a cabo ou apoiam uma alteração nas formas de criar. Pessoas que clamam por um maior acesso à informação e ao conhecimento, em defesa dos interesses sociais, criticando aspectos como o secretismo, a competitividade e o facto de as necessidades de mercado se sobreporem às verdadeiras necessidades da sociedade, o que acaba por resultar na imposição de uma pseudo-cultura enlatada que é utilizada como meio de dominação. Queremos que o direito de autor seja reconhecido dentro dos direitos culturais nas suas duas vertentes: como direito outorgado ao criador e como direito de acesso da sociedade aos resultados e aos processos criativos.
A Raízes juntou-se a este evento onde marcará a abertura ao público da proposta de projecto que pretende apresentar junto da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia com o objectivo de promover a Agricultura Biológica em todo o Concelho.
Este evento marca a abertura de um periodo em que procuramos reunir o maior número de pessoas que subscrevam a nossa proposta para assim poder ganhar mais força.
Naturalmente convidamos todos a estarem presentes na nossa apresentação a realizar dia 07 de Outubro na Casa Viva, Praça do Marquês 167 no Porto.
Para mais informações sobre o envento convidamos a visitar o site http://copyriot.azine.org
Agradecemos qualquer tipo de divulgação para que o projecto Raízes possa ter sucesso.
Abaixo transcrevemos o manifesto do evento.
Copyriot - manifesto
Em defesa do conhecimentoe da cultura para todos
No mundo de hoje, regido pela febre do consumo e pelo dinheiro, a espiritualidade do ser humano, a sua criatividade, o conhecimento acumulado ao longo de milhares de anos, o rico mosaico de culturas que conforma a espécie, estão seriamente ameaçados. Seria de estranhar que algo de tão importante escapasse à protecção das leis. E, de facto, não escapa. Mas os interesses económicos das multinacionais adulteraram todo o sentido destes conceitos. O que deveria servir a criação transformou-se em protecção ao investimento, impedindo inclusivamente o exercício efectivo dos direitos mais elementares do homem, tais como o direito à vida, ao conhecimento, à sua identidade, ao seu direito a participar activamente na vida espiritual da sociedade.
Actualmente, o regime de direito de autor não satisfaz as necessidades da sociedade nem está de acordo com as possibilidades que o desenvolvimento tecnológico coloca nas suas mãos. Este sistema transformou-se em legitimador da submissão da cultura às leis do mercado, favorecendo a dominação económica e cultural dos povos.
O direito de autor como direito humano deve ter implícito o equilíbrio entre o direito do autor à sua obra e o direito da sociedade a ter acesso a ela. Este equilíbrio foi quebrado, não a favor dos autores nem da sociedade, mas a favor dos que exercem os direitos em nome dos autores, ou seja, os cada vez maiores monopólios da indústria editorial, informática, biotecnológica e do entretenimento. O exercício dos monopópios exclusivos que a legislação de propriedade intelectual outorga entra frequentemente em contradição com o exercício de direitos humanos tão importantes como o direito à saúde, à vida, ao conhecimento e à educação. E são sempre estes que saem a perder.
Por detrás de uma aparente defesa dos direitos dos autores, os interesses empresariais juntam criadores, governos e sociedade em geral ao reforço das legislações de propriedade intelectual e à sua hegemonização internacional, tomando como referente as propostas dos países mais desenvolvidos, apoiados por muitos organismos internacionais. Desta forma, a cultura, o intercâmbio de conhecimentos e o desenvolvimento vêem-se seriamente danificados.
A inclusão de normas de propriedade intelectual nos acordos da OMC e nos tratados de comércio livre não é mais do que o fechar do círculo, ameaçando seriamente a soberania e a diversidade cultural dos povos. Ao obrigar os Estados a adoptarem conceitos de direitos de autor muito restritos ao impedi-los de exercer políticas culturais de protecção efectiva, os monopólios garantem um comércio de produtos e serviços culturais desigual e afoga-se o desenvolvimento das expressões culturais locais.
Por outro lado, o estudo dos processos criativos em todo o mundo demonstra a falta de universalidade de muitos dos conceitos e instituições criados pelo direito de autor para a protecção da criação, ao não reconhecer, entre outros aspectos, as formas colectivas de criação e apropriação dos povos originários, ou a necessidade de outras formas de regulação que não a dos monopólios exclusivos de exploração dos resultados criativos. O sistema vigente, ao ser aplicado a realidades e momentos tão diferentes, apenas tornou possível (e até motivou) as utilizações ilegítimas e o saque do património colectivo.
A criação não se defende impedindo a sua difusão. Normas mais rígidas não trarão mais criatividade. Para proteger a criação tem que se garantir os seus espaços, estimulá-la, incentivá-la, tenha ou não êxito comercial, apenas em virtude da sua condição de expressão da espiritualidade do ser humano, de cada um deles na sua infinita diversidade. Há já muitos locais em que se notou a evidência das contradições assinaladas e onde se formam posições contrárias. Surgiu um número considerável de iniciativas que têm como objectivo o uso de modelos legais mais permissivos, que fomentam a solidariedade e a cooperação em vez de a proibir. Princípios como o GPL, o Copyleft, as iniciativas Creative Commons, abriram um caminho ao qual se juntaram associações de profissionais, intelectuais, criadores e programadores que começam a transformar, a pouco e pouco, o cenário internacional.
Tendo em conta estes princípios, parece-nos importante:
1.Construir, na teoria, um pensamento anti-hegemónico integrador em matéria de direitos culturais, artísticos, intelectuais, científicos e tecnológicos.
2.Articular a resistência através da ligação entre pessoas, instituições, meios de difusão, organizações e redes sensíveis a estes problemas, que permitam desenvolver a capacidade mobilizadora necessária para dar resposta imediata, por todos os meios possíveis, às manobras do poder hegemónico tanto a nível nacional como internacional.
3.Apoiar as alternativas em marcha no âmbito da cultura livre.
4.Inventar propostas ou projectos viáveis que tenham como objectivo principal o fomento de relações culturais e fluxos de conhecimentos entre pessoas, que estimulem a criatividade da sociedade como via para o enriquecimento do património cultural, educativo e espiritual dos povos, ao mesmo tempo que favorecem o acesso de todos aos resultados que se alcancem.
É por estas e por muitas outras razões que achamos indispensável o debate e a criação de alternativas reais que, de alguma forma, protejam quem cria e que lhe permitam decidir livremente qual o rumo e quais os moldes em que pretende divulgar e fazer conhecer a sua obra. Em suma, é necessária a criação de alternativas que defendam realmente as obras e os direitos de quem as cria, e não apenas de quem cria riquezas à custa da exploração da obra e da submissão do(s) criador(es).
Porque quem realmente é o nosso inimigo não é o pessoal que gosta, copia, divulga, mostra, troca, empresta, apoia, o que se faz, mas antes quem nos impede de mostrarmos o que fazemos e que reprime quem o faz.
Por tudo isto, não queremos passar sem deixar bem claro que somos defensores da diversidade cultural. Somos pessoas, artistas, criadores e distribuidores que, a partir de modelos alternativos, criticam as cadeias tradicionais de produção e distribuição das multinacionais. Lutamos pela salvaguarda das expressões culturais dos povos, defendemos culturas e formas de expressão em perigo real de serem absorvidas pela cultura hegemónica, acreditamos no chamado património cultural imaterial, nas formas de criação e apropriação culturais colectivas, como os conhecimentos tradicionais. Somos também artistas que levam a cabo ou apoiam uma alteração nas formas de criar. Pessoas que clamam por um maior acesso à informação e ao conhecimento, em defesa dos interesses sociais, criticando aspectos como o secretismo, a competitividade e o facto de as necessidades de mercado se sobreporem às verdadeiras necessidades da sociedade, o que acaba por resultar na imposição de uma pseudo-cultura enlatada que é utilizada como meio de dominação. Queremos que o direito de autor seja reconhecido dentro dos direitos culturais nas suas duas vertentes: como direito outorgado ao criador e como direito de acesso da sociedade aos resultados e aos processos criativos.
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